sábado, 17 de setembro de 2011

Elegia da Saudade

Falta eu sinto da infância vivida com carinho
Das tardes de domingo na rua
soltando caixotinhos com a linha de costura da mamãe.
Falta eu sinto daquele sorriso, daquele abraço, daquela conversa sem destino
Das nossas brincadeiras, das bobeiras dos amigos
Falta eu sinto da espera na fila para o almoço, sempre divertida, barriguinha cheia, pés na cadeira antes de ouvir o apito.
Falta eu sinto de olhar nos seus olhos procurando abrigo, com o coração contrito das pelejas humanas.
De declarar meus medos, ouvir seus conselhos e poder experimentar o teu afago.
Falta eu sinto do tardar da hora, do sol que se punha, da espera na porta para descermos juntos aquela alameda.
Falta eu sinto da certeza de que quando cada um partia era para voltar no dia seguinte, sempre na hora, no nascer do dia.

A gente cresce, o mundo envelhece e se as relações permanecem são para serem constantemente renovadas, meu camarada!
Agradeço por não poder prever o futuro, por não saber que aquela seria a última vez que poria meus olhos em você, que trocaríamos as palavras certas, mesmo desconexas, mesmo sem aceitarmos ou compreendermos.
Porque cada um percorre a sua estrada com marcas cravadas das pegadas de quem junto caminhou.
E a gente continua, junta tudo dentro de um relicário
Pendura no pescoço ou leva nos braços, com cuidado
Ou do lado esquerdo do peito, guardado com jeito,
Porque ter saudade é melhor do que caminhar vazio.

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