quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sempre Viva




Gostar é mesmo coisa que não se ensina
Não se maquia
Não se maquina

Meu coração sempre esteve na curva de um rio
Na porta entreaberta
Na pausa de uma vírgula

Sim, a curiosidade me domina
Sou feita de infinitos
E de desatinos

E como criança no circo
Encanto-me é com o equilibrista
E às vezes me faço de um
Levo o que tenho de mais meu nas mãos
E o coração, pequenino como a dona,
É minha armada.

Neste momento não sei dizer ao certo o sentimento
Senão que quero um minuto mais
Contemplando os olhos que me miram
Em silêncio
Senão que preciso ver o sorriso contido
Enlarguecer.

A minha existência lembrará eternamente de ti
A minha memória guardará nem que seja o seu nome
Tu serás como a sempre viva do cerrado:
Manter-se-á vivo em mim, mesmo depois de já colhido e seco
Serás lembrado...

E hoje me fazes sorrir
Faze-me companhia
E com cuidado
Toma meu dia ,como se também fosse seu

Venha, entregue-me uma nova canção
Aplique mais uma dose de sua essência
Que aos poucos entrego-te o coração

Guardei-te em versos
Mas também te tramo em prosa
Em grande enredo
Que é para te ter inteiro
Em pausas maiores
Que me darão o fôlego necessário
Quando te faltares a mim e eu for só pedaços.

Fernando Pessoa tinha razão em dizer que viver não é preciso
A graça sempre vai estar no equilibrista
Que se arrisca
Ou na surpresa
No repente
Naquilo que não se contava
E quem dirá que não tem graça?

Eu continuarei a admirar, a me assombrar
A ter a maravilha e o medo
E a ânsia de descobrir
E quando nada mais em mim reluzir
Definitivamente
Enterrem o meu coração na curva de um rio.