sexta-feira, 8 de março de 2013

Eu e ela e nosso eterno abismo...

Escrever me faz pensar melhor em tudo que aconteceu
Mas a última coisa que eu gostaria de ser era racional
As palavras foram ditas
Ferindo alma e coração
Sonhos são perdidos
Deixam-se rastros
Palavras
E rostos pelo chão
Tenho orgulho quando te digo que me banco
E de fato eu me banquei
Desenhei meus sonhos em tábulas rasas da minha mente
Planejei meandros
E a cada novo traço eu sorria pela graça do já feito
Mas de repente, tudo desmorona
Não são mais as minhas mãos que pintam a borda celeste
E se procura, em vão, domar cavalos selvagens
Descobri que a raiva e a risada não se contém
Ou se dá tudo ou não se dá nada.
E eu banquei as palavras
Esbravejei os meus e os seus horrores
Em troca de uma última aceitação
De nada valeu
O seu maternalismo soou em meus ouvidos como um não
Enquanto eu tentava te dizer que a menina cresceu
Tracei ainda cores sobre meu painel desgraçado por suas mãos
De nada adiantou
Irredutíveis diante de mim
Da melhor maneira, que era pra eu não duvidar
Entreguei a paleta cheia de novas cores e matizes
Sucumbi diante da própria culpa
Deixei a mulher que se parecia virtuosa morrer
Chorei baixinho o lamento dos corações despedaçados
Chorei por toda a inocência ainda contida em cada traço que desenhei
Na palma de sua mão
Que hoje me permanece fechada.