Aceitei mais um calo
E a palavra que não saía, escondida, feria a alma.
O instante da dúvida, subsidiado pleo medo de errar, não dizendo não, também não disse sim.
Não disse nada. Calou em si.
Afasta, afasta de mim essa cálice
Era o meu clamor quando a sua ausência torturava o peito.
Calos de dor.
Nunca nada fora sólido
Por isso não me surpreendia que se desmanchasse no ar.
No princípio eram bolhas vermelhas do aperto. Estouravam.
Pele rompida. Carne sujeita.
Abriam-se as feridas e suas incertezas.
E meus calos doem.
Por que será que ainda resisto a tirar estes sapatos?
Se sei que pés no chão é vida na terra?
Renúncia
Não é e nunca será
Caminhei sozinha por lugares já devastados
E nada que eu falasse mudaria a tática
Os sinais não eram vistos
Calei-me
Contida menina-mulher tentava fazer daquelas lágrimas remédio curador de minhas feridas, de meus calos.
Tento despir-me do passado. Prosseguir nua, nua de alma.
Não, ainda não me armo.
Tento avistar um horizonte nesse caminho errante
Porque todos vivem calando suas dores. Curando os calos e as recusas que tangem suas almas
Mas talvez "nem toda confissão seja uma vitória da tortura, porque às vezes a pior tortura é ter a voz silenciada",como diria Renato Janine. Por isso, eu sei:
O que mais dói é aquele que precisou silenciar-te dentro de mim.