Aquele vão
De frente à porta do sim e do não
Toda escolha predispõe renúncia
E um bocado de solidão
Não há nada que nunca se revele
Que vague ad eternum no mundo dos esconderijos
Uma boca que fala, um olho que vê, um coração que sente
E tudo chega até você
Pra que falar de amor
Se quem eu amo não pode ler?
Pra que curar a dor
Se de todo jeito se vai morrer?
Pra que dizer não
Se lá na frente você estará na sua contramão?
De toda sede que me obrigam a ter
Te aviso que não me sacio facilmente
Não espero calmamente
Não deixo o tempo fazer hora
Seria dona de mim, mulher?
Imperatriz, força do que quer?
Mas pra que firmar meu jogo
Se me imponham a finitude?
Pra que apressar o tempo
Se meus olhos ainda piscam
E eu já o estou perdendo?
Quem entra no círculo
Tem que sentar, dar as mãos
Ou até cochichar
Quem entra no círculo
Tem que ser esperto e se levantar
Quando a cotia chegar
Quem entra no círculo está condenado a não ser único
E até insignificante
Mas também a não ser sozinho
Quem entra no círculo
Se descobre no espaço
E faz de cada rodada
O momento esperado
Quem entra, uma hora sai
Porque cansou, porque escureceu
Porque a mãe gritou
Mas o círculo não se desfaz
Sabe de outros encontros
E o círculo era o tempo
E nós os seus pontos